Bukowski crônicas

[Texto Meloso do Dia]: Mania de ser Trevo.

11:56Jô Lima

Aquela mania de ver em nuvens formas de animais e rostos sorridentes. De lançar pedras que deslizavam pela superfície da água, de segurar a xícara com as duas mãos e cheirar o café antes saboreá-lo.  Aquela mania de dizer “tipo” antes de começar a defender sua teoria sobre como Bukowski é melhor do que Leminski.

De todas as suas manias, tenho saudade daquela que te fazia associar nosso amor a um trevo de quatro folhas. “Se perdermos uma folha, ainda seremos um trevo”.  “Somos raros”, você dizia, “Somos a sorte de um amor sincero”, “somos uma exceção à regra”. Eu acreditei em tudo isso até perceber que ser a exceção não me imunizava contra os erros, sem regras, tudo é permitido... Ou nada é negado, nada infligi a lei, já que ela não existe, muitas quebras, muitas decepções.

Com o tempo, ver formas em nuvens se tornou chato, as pedras não deslizavam mais pela superfície da água, afundando na primeira tentativa, já não existia mais tempo para um café e, “tipo”, foi a palavra que precedeu minha desistência de nós dois.
Nosso trevo perdeu uma folha, mas continuou sendo trevo, sendo amor. Mas tornou-se comum, banal. Não sobrevivemos às brigas, desentendimentos que todo casal está fadado a enfrentar. Não fomos treinados para isso, éramos raros, acostumados a ser a exceção. Passamos de exceção à regra obrigatória.

E regras foram feitas para serem cumpridas.

E a minha regra numero um é voltar a ver formas em nuvens, voltar a sentir o cheiro e saborear um bom café, voltar a discutir teorias banais que não levam a nada, voltar a sorrir... Até você voltar, e perceber que regras e exceções não ditam sentimentos e emoções.

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