Amor crônica

Texto Meloso do Dia: Nossos Meridianos

20:48Jô Lima


Sabe morena, hoje a brisa do mar trouxe de volta o teu cheiro. Parei pra sentir saudade de você, do teu jeito de ser. Ah, se tu soubesse como teu riso possui um poder incrível sobre mim, não privaria tua gargalhada dos meus olhos. Eu cruzaria o mundo de uma ponta a outra pra te ver e apostaria todas as fichas naquela piada sem graça só pra te fazer sorrir, daria tudo pra lhe ver nesse momento, pra pedir alento.

Olha, foi mal pelas mancadas que eu dei, desculpa menina, mas não calculei que mandar você pra longe, pro outro lado desse meridiano que corta meu coração seria uma burrice tão grande.

Peço que me oriente, pois aqui no Ocidente o sol já não brilha tanto, a cultura foi contrariada e eu culpava a poluição por não conseguir respirar tão bem, até que percebi que é você quem rouba meu oxigênio, que invade meus pensamentos e provoca revolução do lado de cá do território. Cuidado moça, eu fui otário pra caralho tentando resistir, agora aqui campo é minado, tem arame farpado e outros cuidados que tomei para manter tudo em paz sem tua presença. Achei que a ameaça era você, esse teu jeito de olhar me assustava, era só mirar e puft! Meu mundo ia pelos ares, cê poderia facilmente conquistar esse chão, semear paixão e reinar sozinha na vida desse vagabundo. 

Transformei meu mundo em faixa de Gaza por nada. Eu estava errado mina, a ameaça era a sina de viver sem você.

Tua beleza é do tamanho do oceano atlântico, mulher. E eu, nada pacífico, fico com essa saudade que deságua dos meus olhos. Qualquer descobridor daria tudo pra contornar tuas curvas, Cabral jamais procuraria pelas índias se soubesse da tua existência, as expedições seriam em teu encalço, à tua procura, as ilhas receberiam teu nome e teu porto ninguém ousaria abandonar como eu abandonei.

Teu meridiano corta os países em que me exilei à procura de conforto, tentei te encontrar em outros corpos, navegar por outros mares, te esquecer em tantos copos, mas olha eu aqui de novo, eu sempre volto. Me deixa atravessar a ponte da amizade, cruzar a fronteira do amor e chegar no teu coração. Me faz cidadão do teu mundo de novo.

Olha, e se assinássemos um tratado celebrando a união dos nossos mundos, para dividirmos as terras descobertas e as que estamos por descobrir? Pra selar a paz, acabar com a guerra e fazer de ti meu Consulado em países estrangeiros?

Toma aqui meu passaporte carimbado, olha os lugares por onde andei, onde te procurei e não encontrei. Me deixa voltar. Me dá teu visto. Deixa eu passar, porte esse cara contigo. Leva pra onde cê quiser, mulher! Sou todo ocidente, mas é no teu oriente que meu sol se deita. É você o meu sonho americano, morena.

Tô extraditado ou cruzar o meridiano me fez parte do teu continente outra vez? Me aceita de volta, vai!

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