De início já aviso que esse não é um daqueles textos de amor
ou que traz nas entrelinhas uma lição de vida/moral. Hoje a lição é sobre
reconhecer o valor de cada trabalho, de cada profissional, de cada ser humano
por trás dos serviços prestados.
Desde moleca eu sempre tive a certeza de que trabalharia na
área da comunicação, primeiro por acreditar que seria uma área que me daria
voz, que me deixaria exercer minha profissão sem diferenciação de gêneros –
homens e mulheres podem ser âncoras, repórteres, enviados especiais, redatores...
– eu queria essa igualdade para mostrar e desenvolver o meu talento, mas claro,
era uma ideia utópica de uma adolescente de 14 anos. Dez anos depois, aos 24,
eu me vejo ganhando menos que meus amigos – que atuam na mesma área e executam
a mesma função -, já perdi pauta para um homem – e fiz barraco sim - pelo
simples fato de acharem que a pauta era perigosa demais para uma mulher
desenvolver, e há pouco tempo tive uma desvalorização do meu trabalho por parte
de uma empresa – que já pagou mais caro por textos desenvolvidos por um homem -
alegou que eu estava cobrando muito caro
por só “alguns textinhos”. Vocês acharam
mesmo que eu ia terminar o ano sem problematizar com isso? Rs!
Pra começo de conversa, o problema não foi falar do valor, mas TEXTINHOS? Nós não trabalhamos com textinhos!
Nós que trabalhamos com comunicação, mergulhamos fundo em um
vasto universo de informações diferentes para conseguirmos desenvolver o
assunto com propriedade, o que é muito bom para nossa bagagem cultural, mas
essa desvalorização do nosso trabalho – até mesmo causada pela questão do
diploma – reflete na descrença desses profissionais.
Quando eu aceito um job é pelo fato de saber que posso e vou
desenvolver algo legal, algo bom pra caralho, algo que vai te fazer voltar a
contratar os meus serviços novamente.
Não trabalho com textinhos nem no twitter. Até no Facebook
eu desenvolvo meu famoso textão, aí você vem dizer que textinhos são fáceis de
produzir? Desculpe, mas eu sei o valor do meu suor, eu conheço o mercado e
procuro me diferenciar dele, eu passo noites em claro desenvolvendo ideias que
vão – de algum modo – te ajudar. Não trabalho com textinhos e esse “inho” nunca
deveria ser usado para se referir nem ao meu ou ao seu trabalho. São horas de
dedicação, dias de pesquisa, muito amor envolvido para você diminuí-lo tanto.
Antes de julgar, olhe mais profundamente para iceberg. O que
aparece de inicio é a parte fácil, mas a base, o que está submerso no trabalho
de cada um deve ser levado em conta.
Parafraseando Tom Jobim: “O Brasil não é um pais para
principiantes”... Então não venha querer
prostituir um trabalho de anos. Desde sua existência, o Jornalismo nunca foi
uma profissão bem paga, mas são tempos difíceis para esses sonhadores que
abraçam uma pauta e ainda precisam exercer inúmeras funções - desde jornalista,
publicitário, diagramador, designer, fotógrafo, redator... Tudo pelo salário de
um estagiário. Quem está nessa peregrinação não tolera escambo. Não troca seus textos por
nada. Não leiloa suas criações.
Para não dizer que não foram informados, deixo aqui
registrado: Sempre estarei armada com meu bloquinho de anotações – para ataques
ou defesas -.
Att,
Att,
0 comentários