É normal do ser humano querer mais do que de fato pode se ter na vida. É por isso que não desbravamos tanto o fundo do mar, mas almejamos desbravar a lua. Nada nunca é o bastante.

Nos achamos no direito de destruir e decidir se plutão era mesmo um planeta ou não. Nos achamos no direito de duvidar da existência de uma raça mais inteligente do que a nossa em outra galáxia que pouco conhecemos. Nos achamos demais, é isso o que eu acho.

E por se achar demais, acabamos nos perdendo e procurando em outras pessoas a perfeição que tanto queremos. É muito gerúndio pra pouco particípio, pra quem nem participa, mas reivindica, pra quem nem agrega, mas quer o resultado positivo da soma.

Idealizamos amores e família. Idealizamos trabalho e uma vida inteira. Criamos um verdadeiro Show de Truman, um mundo perfeito habitado por pessoas que não existem. Isso não faz nenhum sentido, pois as expectativas são exclusivamente suas! No fundo, no fundo a gente cria um ser perfeito e inexistente, isso constroi uma barreira invisível que te impede de conhecer a real pessoa com quem convive e onde acabou depositando todas as tuas aspirações de ser humano real. Esperamos muito das pessoas, mas não nos esforçamos para conhece-las de fato, desde as suas qualidades até os seus defeitos. E, às vezes, o amor que você tanto procura se esconde exatamente nos defeitos. Nos dentes tortos que ninguém nota, naquela mania irritante que você aprendeu a achar graça, na comida que você odeia, mas aprendeu a receita na internet depois de tanto pesquisar só pra fazer um agrado.

O amor é isso. É trocar suas expectativas ilusórias por experiências reais. É entender que a junção de duas pessoas não exclui "eu" e "você", nos transforma em "nós". E nós trazemos muitas histórias na bagagem, não espere demais de quem chegou agora, quem vem lá é forasteiro nessas terras que tu habitas, você, nativo, apresente seu mundo aos poucos. 

Quem sabe eu fique...